Homem frio, metódico e assassino

Homem frio, metódico e assassino

Nome: Admar de Jesus Silva, de 40 anos, viúvo, nascido no interior da Bahia onde deixou dois filhos. Pele morena, cabelos negros e curtos, cerca de 70 quilos, 1,60 metro de altura, aproximadamente, e uma expressão fria. Profissão: pedreiro.

É o perfil de um homem metódico, o mais novo serial killer brasileiro, assassino confesso dos seis jovens desaparecidos de dezembro para cá em Luziânia. Outro detalhe crucial: Admar é um pedófilo solto após a Justiça ignorar um laudo psiquiátrico recomendando tratamento.

Também conhecido como Nego e Valdemar, Admar não era um homem acima de suspeitas, embora se desse bem com vizinhos, trabalhasse e frequentasse cultos semanais em uma igreja evangélica. Na verdade, parentes e vizinhos sabiam que ele tinha cumprido pena recentemente no complexo penitenciário de Brasília, por atentado violento a pudor (hoje crime de estupro) contra dois meninos, de 11 e de 8 anos de idade (em 2004).

Beneficiado pela progressão de pena por bom comportamento, Admar tinha saído da prisão em 23 de dezembro. Sete dias depois fez a primeira vítima em Luziânia, onde passou a morar na casa de uma irmã. Entre um muro erguido, uma cisterna furada, uma casa construída, seguiu fazendo vítimas.

“Eu tinha até combinado trabalhar com ele em maio nas casinhas (bairro novo de Luziânia). Mas aí ele foi ficando estranho, caladão, e agora essa notícia horrível. Eu era vizinha do assassino, gente!”, dizia na porta de casa, espantada, a comerciante Maria Rodrigues Ribeiro de Souza, uma cearense de 63 anos.

Maria tem motivos de sobra para o choque. Ela trabalhava como servente, “fazendo a massa e rebocando” algumas obras que Admar construía por Luziânia. Moradora vizinha de um dos três lotes ocupados por familiares do pedreiro na mesma rua, ela era uma das vizinhas que sabiam do passado de pedofilia, mas que Admar dizia “não ser bem daquele jeito”. E ela acreditou. “Pensei que os anos de cadeia tinham sido uma lição.”

Na verdade, Admar era vizinho também dos garotos que confessou ter matado e provavelmente violentou. Ele morava na Rua 29 do Parque Estrela d’Alva 4, bairro onde sumiram os adolescentes Diego Alves Rodrigues, Paulo Victor Vieira de Azevedo Lima, de 16; George Rabelo dos Santos, de 17; Divino Luís Lopes da Silva, de 16; Flávio Augusto Fernandes dos Santos, de 14, e Márcio Luiz de Souza Lopes, de 19. Também foi lá que ele tentou seduzir um adolescente portador de deficiência física com oferta de emprego, mas que escapou. Nesse dia, Admar levava um martelo na garupa da bicicleta.

O pedreiro não assediou ou fez vítimas entre os vizinhos mais próximos, da mesma rua, por exemplo. Ao contrário: “Eu, a irmã dele e o próprio Valdemar (Admar) íamos ao culto juntos quase toda semana. Jamais imaginaria, apesar de saber que ele esteve preso por estupro”, contava ontem Maria Rosa da Silva Amadeu, de 50 anos, vizinha dos parentes dele há mais de dez anos.

Ontem ela e outros moradores olhavam espantados a rua sendo cercada por policiais militares fortemente armados, que chegaram com a aproximação de parentes das seis vítimas. Mães, tios, irmãs, cunhados, primos e primas, foram até a porta da casa, incrédulos de que estivessem tão perto da resposta para meses de angustiante espera, tantos dias cercados de mistérios e hipóteses mirabolantes como tráfico de órgãos ou trabalho escravo.








Fonte: O Popular

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