01/09/2011 às 08h42
G1 - Minas Gerais
Uma criança de um ano e quatro meses passou a apresentar sintomas de um tipo de paralisia depois de ter tomado a vacina contra poliomielite em Pouso Alegre, no Sul de Minas Gerais. O caso foi diagnosticado em março deste ano, mas só agora chegou ao conhecimento do Ministério da Saúde.
A suspeita é que o bebê tenha contraído paralisia pós-vacinal. O comunicado oficial de autoridades do município chegou a Brasília na última sexta-feira (26), cinco meses depois de um neuropediatra da cidade atender o menino e ter avisado à Secretaria Municipal de Saúde. Para o Ministério, o município de Pouso Alegre descumpriu as normas para esse tipo de caso e deveria ter feito a notificação imediatamente.
Segundo a mãe da criança, Sidnéia Branco Teixeira, o menino começou a apresentar os sintomas dias depois de tomar a vacina. "Depois que ele tomou essa vacina, passou uma semana ele teve uma febre. Passaram mais 14, 15 dias e as perninhas dele paralisaram. Como eu nunca tinha visto uma coisa dessas, pensei que era uma coisa normal de criança. Mas com o passar do tempo, levei em uma pediatra e ela confirmou que realmente as perninhas não se firmavam mais como antes", disse a mãe.
Os exames da criança ainda não são conclusivos. Segundo o secretário de Vigilância do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, a possibilidade de reação à vacina contra a poliomielite é raríssima. De acordo com o órgão, nos últimos dez anos foram confirmados 46 casos de pólio pós-vacinal no país. No mesmo período, foram aplicadas mais de 457 milhões de vacinas. Segundo o secretário, esse número está dentro da média mundial.
A probabilidade é de um caso a cada 3,2 milhões de doses aplicadas. "A incidência é raríssima. É muito melhor vacinar porque sem a vacina, a chance passa a ser de um caso de paralisia flácido aguda grave para cada 250 crianças que tiverem contato com o vírus. Antes da vacinação, nós tínhamos dois mil casos graves de paralisia e grande parte levava à morte", afirma o secretário.
Nenhum representante da Secretaria Municipal de Saúde de Pouso Alegre e da Gerência Regional de Saúde quis falar sobre o assunto. Em nota oficial enviada à EPTV, afiliada da TV Globo no Sul de Minas, a assessoria de comunicação da Prefeitura de Pouso Alegre informou que tomou as providência assim que tomou conhecimento do caso. "Assim que a Secretaria de Saúde tomou conhecimento dos fatos relacionados à reação adversa apresentada pela criança tomou prontamente todas as medidas cabíveis", diz trecho da nota.
Sinais
Os primeiros sinais da doença foram percebidos pela família da criança em novembro do ano passado. Em março, o médico neuropediatra Walter Luiz Magalhães diagnosticou na criança sintomas de paralisia do tipo arreflexa flácida, que também pode ser causada pelo vírus da poliomielite, presente na vacina.
O menino tomou todas as doses recomendadas para a idade dele. Segundo a mãe da criança, Sidnéia Branco Teixeira, o menino começou a apresentar os sintomas dias depois de tomar a vacina.
Casos no Brasil
De acordo com o Ministério da Saúde, os últimos casos de poliomielite nas Américas ocorreram no Brasil em 1989 e no Peru em 1991. Atualmente, ainda há circulação de poliovírus em alguns países da África e Sudeste Asiático.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2007 foram confirmados 1.315 casos da doença. Destes 1.208 (92,0%), estão concentrados em países considerados endêmicos, destacando-se: Índia, Nigéria, Paquistão e Afeganistão.
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