CIDADES: PRF resgata seis pessoas em regime de escravidão em Formosa (GO)

CIDADES: PRF resgata seis pessoas em regime de escravidão em Formosa (GO)

Sem comida e condição de higiene, grupo alega não receber há dois meses.
Nesta terça (29), Ministério Público do Trabalho analisa situação das vítimas.




30/11/2011 às 09h32
G1 - Goiás
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) flagrou, em uma fazenda de Formosa, no Entorno do Distrito Federal, seis pessoas em situação análoga à escravidão. Encontrados no último domingo (27), quatro homens, uma mulher e um adolescente trabalhavam em uma carvoaria, mas estavam sem receber salários há 60 dias. De acordo com a PRF, eles viviam em alojamentos improvisados, sem condições de higiene ou alimentação adequada. Resgatado, o grupo está instalado em um alojamento providenciado pela prefeitura de Formosa.

A PRF acionou o Ministério Público do Estado de Goiás, que entrou em contato com a Prefeitura de Formosa para resgatar os trabalhadores. O Ministério Público do Trabalho recebeu a denúncia nesta terça-feira (29). Até as 16h, o procurador da regional de Luziânia, Breno da Silva Maia Filho, estava no local verificando a situação das vítimas.

Os policiais encontraram os trabalhadores por acaso. Eles atendiam uma ocorrência de acidente de trânsito na BR-020, rodovia que liga Brasília a Formosa, quando os quatro homens, com idades entre 24 e 36 anos, pediram ajuda.
Segundo o inspetor Daniel Bonfim, da PRF do Distrito Federal, os trabalhadores disseram aos policiais que são da cidade de Montes Claros, em Minas Gerais, e vieram a Goiás para trabalhar na produção de carvão. Mas os fornos da fazenda teriam sido lacrados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e, desde então, o suposto patrão não apareceu nem atendia as ligações, deixando-os sem os recursos mínimos necessários.

A fazenda onde funcionava a carvoaria fica na região conhecida como Bisnau, município de Formosa. Os trabalhadores viviam em barracos de madeira e lona, sem banheiro ou água encanada.
Na sexta-feira (18), o suposto patrão teria entrado em contato, pelo celular, e determinado a continuidade da produção de carvão. O grupo relatou à polícia que na segunda-feira (28) deveriam carregar caminhões com o produto.
Dívida
Os trabalhadores queriam voltar para Montes Claros (MG), mas alegaram não poder deixar a fazendo por causa da dívida contraída com o patrão. "Mesmo sem nenhum capataz armado, para impedir que fossem embora, eles não tinham meios para sair do local", explicou o inspetor Bonfim.
Quando os policiais rodoviários chegaram ao local, se depararam com uma mulher de 40 anos, que trabalhava como cozinheira, e o filho dela, de 13 anos, que também ajudava na produção de carvão. Segundo o inspetor, cada um tinha um caderninho com os dias de trabalho, assim como as despesas com transporte, hospedagem e alimentação anotadas.
Crime
Ainda não há informações sobre o dono da fazenda. O Código Penal Brasileiro prevê pena de dois a oito anos de prisão para quem “reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto”.
Alojamento não tinha banheiro, energia elétrica ou água potável (Foto: PRF/Divulgação)

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