Atualizada: sábado, 5 de outubro de 2013 | 16:55
A ex-senadora Marina Silva se filiou na tarde deste sábado, 5, ao PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. O anúncio foi feito no Hotel Nacional, em Brasília. "O PSB já tem um candidato; por que não apresentar o nosso programa a este candidato?", disse, referindo-se a Campos. "Agradeço ao PSB pela chancela política que a Justiça Eleitoral não nos quis dar", afirmou Marina, que na quinta-feira, 3, teve sua Rede Sustentabilidade rejeitada pelo Tribunal Superior Eleitoral – ela não conseguiu o número mínimo de assinaturas para criar a sigla. "É uma coligação programática, não pragmática."Juntos, Campos e Marina serão a terceira via das eleições de 2014, tendo pela frente a presidente Dilma Rousseff, que tentará a reeleição, e o senador tucano Aécio Neves. No mês passado, o PSB deixou a base de apoio ao governo Dilma. A ex-ministra teve de correr para arrumar um partido – o prazo de filiação para quem quer concorrer a cargo eletivo no ano que vem termina neste sábado.
Marina disse que não se sente derrotada com a decisão da Justiça Eleitoral que negou à Rede o registro. "A derrota ou a vitória só se mede na história. Apressam-se aquele que pensam que a história se resolve em uma canetada", afirmou logo no início de sua fala para um auditório lotado. Ela destacou que a Rede já é um partido do ponto de vista político e programático. "Mesmo já tendo a chancela da sociedade, de um registro moral, de que de fato somos um partido político, nos foi cassado o direito de nos constituirmos como tal." A Rede, segundo Marina, é o "primeiro partido clandestino criado em plena democracia".
Segundo quem acompanhou a negociação, pessoas da classe artística contribuíram para o entendimento. Um dos que se envolveram foi o cineasta e diretor de televisão Guel Arraes, tio de Campos e filho de Miguel Arraes, fundador do PSB, já falecido. O senador Pedro Simon (PMDB-RS), próximo de Marina, foi outro que ajudou.
O encontro entre Campos e Marina para selar a aliança ocorreu em Brasília e avançou pela madrugada de sábado. O governador, que preside nacionalmente o PSB, já tinha mandado emissários para avisar a ex-ministra do Meio Ambiente da disposição de buscar um acordo.
Os termos acordados preveem um "abrigo transitório" no PSB para as pessoas envolvidas no processo de criação da Rede. Desta forma, a aliança seria tratada como se fosse com outro partido. "Vamos tratar como uma coligação e respeitar a pré-candidatura dela", disse ontem o presidente do PSB mineiro, deputado Júlio Delgado. "Fica claro para a sociedade que Eduardo Campos e Marina Silva formam juntos uma terceira via no processo eleitoral."
Formalmente, Marina e Campos continuarão dizendo que são pré-candidatos, mas o plano da chapa já é admitido. "Ela se disporia a ser vice do Eduardo Campos, porque reconhece a candidatura dele, mas essa discussão será no momento futuro e não há ansiedade nisso", disse Bazileu Margarido, coordenador executivo da Rede.
Bazileu afirma que apesar dos convites de vários partidos, a escolha pelo PSB deveu-se a uma "maior identidade programática e nos Estados" com a Rede. "Foram definidas algumas questões importantes, o reconhecimento da Rede como um partido de fato, em função do reconhecimento o PSB estará abrindo a possibilidade de filiações democráticas e transitórias para os integrantes da Rede que quiserem se candidatar."
Dirigentes do PSB observam que alguns ajustes regionais terão de ser feitos para abrigar todos os integrantes da Rede, mas descrevem como "problema menor" ter de solucionar as pendências, diante do ganho da legenda em ter Marina nos seus quadros.
Na entrevista concedida na sexta-feira, Marina já tinha afirmado ser um de seus objetivos evitar uma polarização entre quem é "situação por situação e oposição por oposição".
Tido como uma das opções para abrigar Marina, o PPS é agora procurado para apoiar a aliança. A ex-senadora reuniu-se com dirigentes da legenda no início da manhã de ontem. O presidente do PPS, Roberto Freire (SP), porém, não gostou da atitude de Marina e afirmou a ela que a união de Campos seria um "desastre". Marina, porém, argumentou na conversa que sua atitude dá uma resposta ao Palácio do Planalto para a acusação de que desejava ser candidata a qualquer custo.
Fonte: Estadão
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