(Foto: Reprodução)
A declaração aconteceu uma semana após a divulgação da delação de Fernando da Cunha Reis, ex-presidente da Odebrecht Ambiental, que alegou que a empreiteira repassou R$ 2 milhões para a campanha do político, em 2010, e R$ 8 milhões em 2014 para a viabilização de um projeto para a concessão de saneamento básico nas cidades goianas do Entorno do Distrito Federal.
Perillo rebateu as afirmações do ex-executivo da empresa. “A construtora Odebrecht não ganhou uma licitação, não participa de nenhuma obra. Falam do Entorno de Brasília. Não foi feito licitação, tudo que foi feito no Entorno de Brasília foi feito pela Saneago [Companhia de Saneamento de Goiás] com recurso da Saneago, do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento] e recurso da Caesb [Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal]”, disse.
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O discurso de Marconi Perillo aconteceu durante a abertura do Circuito Gastronômico Goiás 2017, nesta manhã no Palácio das Esmeraldas, sede do governo de Goiás. O tucano reforçou que as únicas obras em parceria com o Governo de Brasília utilizam recursos do PAC.“Nós temos uma parceria para a construção do sistema Corumbá IV da Caesb com o Governo de Brasília, e uma outra em Águas Lindas [de Goiás] para a realização. Já está pronto também recurso do PAC e estamos ajudando o sistema de esgoto. Não há nenhum centavo [da Odebrecht ], não foi feita licitação”, alegou.
O governador afirmou ainda que vai esclarecer todos os pontos divulgados da delação do ex-executivo. “Quem me conhece sabe que eu não temo desafio algum. Eu enfrentei durante mais de um ano e meio uma fortíssima perseguição por parte de políticos adversários e fui ao Congresso Nacional e falei durante nove horas. Assim que eu tiver todos os elementos, eu vou esclarecer ponto por ponto em relação ao que está sendo divulgado”, concluiu.
Delação
Fernando Cunha Reis afirmou que, além do dinheiro repassado às campanhas de Perillo, o senador cassado Demóstenes Torres recebeu R$ 2 milhões da empreiteira Odebrecht em caixa dois para sua campanha em 2010. Em um vídeo, ele disse que em 2014, quando Marconi buscava a reeleição, o tucano compareceu a uma reunião com o ex-presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht , e pediu R$ 50 milhões, sendo que ficou acordado e foi efetuado o repasse de R$ 8 milhões.
“No elevador, Marconi Perillo me disse que a expectativa dele de contribuições da Odebrecht fosse de R$ 50 milhões. Eu disse para ele que esse valor era inviável, mas, de qualquer forma, eu pedi para o Jayme Rincón [indicado por Perillo] tratar com do assunto com o João Antônio Pacífico Ferreira [da Odebrecht]. Foi aí que acertamos a doação no valor de R$ 8 milhões, com o codinome ‘Master’”, afirmou o delator.
Por ordem do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), os episódios que envolvem Marconi Perillo foram enviados ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), foro competente para julgar os chefes dos Executivos estaduais. No documento, consta a suspeita de que o tucano tenha recebido R$ 10 milhões para as campanhas de 2010 e 2014. Agora, caberá ao STJ analisar o pedido e autorizar o início das diligências solicitadas pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Em nota, a defesa do governador Marconi Perillo reitera que ele “só irá se manifestar após conhecimento integral do teor das declarações apresentadas”.
O texto diz “que, conforme já afirmado, o governador ressalta nunca pediu ou autorizou que solicitassem em seu nome qualquer contribuição de campanha que não fosse oficial e rigorosamente de acordo com a legislação eleitoral”.
Por fim, a defesa do governador destaca, ainda, “que irá esclarecer qualquer eventual questionamento, e que até o presente momento, não há qualquer inquérito autorizado pelo Poder Judiciário em tramitação no STJ, sendo impossível manifestação sobre citação sem a devida contextualização”.
Sobre Demóstenes Torres, na petição assinada por Fachin, consta que os delatores apontaram que houve o repasse de verbas para a campanha do ex-senador e que foi ele quem apresentou Marconi Perillo à empreiteira. Assim, o ministro remeteu o caso para análise da Justiça Federal em Goiás, que é o foro competente para analisar as supostas irregularidades.
A defesa de Demóstenes disse que ele "não cometeu quaisquer irregularidades e poderá demonstrar isso, caso venha a ser instaurada investigação".
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